A terapia me salvou de mim
- vcnaoesopele
- 24 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Quem é a Camis?
Eu costumava ser uma pessoa radiante, sempre alegre e comunicativa. Espontaneidade era minha marca, e adorava fazer novas amizades.
O Abismo, um Respiro e o Frescor.

Quando eu me vi tomada por ciclos de crises repetidas a minha parte alegre, comunicativa e espontânea foi se esvaindo aos poucos, eu passei a ser o oposto, triste, quieta e introvertida. Esses foram sinais que eu não percebi sozinha, na época o meu irmão que interveio,
incentivando-me a buscar ajuda. Eu resisti, teimosa, achando que era exagero, que era bobagem. No entanto, minha primeira consulta trouxe um choque de realidade. Parecia que eu havia estado observando minha situação de longe, esperando o dia em que melhoraria, enquanto meu terapeuta me trouxe de volta ao presente, fazendo-me enxergar duas coisas que eu inconscientemente fazia.
Naquela primeira consulta, descobri que costumava sentar sobre minhas mãos e recuava ao ser abraçada. Duas ações que só percebi quando ele questionou:
"Você sentou sobre as mãos por algum motivo específico?
Você notou que se retraiu quando eu te cumprimentei?"
Essas reflexões perduraram por muito tempo.
Eu sempre fazia aquilo!
As mãos, pois naquela época, tinham lesões na parte dorsal, e eu as escondia para ninguém ver. Qualquer interação que envolvesse toque, especialmente por desconhecidos, era angustiante. Sempre existia a possibilidade de alguém comentar ou de minhas lesões, espalhadas por todo o corpo, doerem.
A partir desse dia, minhas reservas em relação à terapia desapareceram. Vi a necessidade de receber essas observações e ajuda para enfrentar tudo.
Apesar de ser espontânea e comunicativa, minha maior dificuldade nas sessões era falar. No dia a dia, discutimos assuntos variados e superficiais na maioria das vezes; no entanto, falar sobre dores e traumas é muito mais desafiador. Minhas sessões, em grande parte, centrava
m-se em discutir coisas que eu não gostava, entender o porquê disso e nomear meus sentimentos e emoções. Nesse período, descobri mais sobre mim mesma e comecei a me olhar com mais carinho.
Meu psicólogo, inclusive, foi a pessoa que plantou a semente da criação de conteúdo em mim. Sugeriu que gravasse um áudio ou vídeo expressando meus sentimentos em relação à doença. Postei o vídeo no Youtube, ele teve muito alcance, me conectando com outros pacientes e, pela primeira vez, eu falando abertamente sobre o assunto.
Expressar minhas dores durante o processo de melhora foi profundamente significativo para mim. Minha pele ainda estava ruim, mas minha mente começou a enxergar a situação com compreensão e clareza renovadas. Isso colaborou para os momentos em que me senti cansada no meio do caminho, compreendi alguns gatilhos e desenvolvi a consciência de que, apesar da rotina desgastante, eu podia e deveria chorar, gritar, falar, pedir colo, me esconder às vezes, c
ompreender meus limites e ser firme em meus posicionamentos.
Diria que a terapia abriu meus olhos, proporcionou alcance e, com toda certeza, me salvou de mim mesma. Caso contrário, certamente estaria imersa em um quadro depressivo e quem sabe mais além.
Sentia muitas coisas, mas não expressava nada.
Esta foi uma parte marcante da minha jornada na terapia, onde compreendi minhas dores e aprendi a expressá-las.
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