MARCAS DE HISTÓRIAS
- vcnaoesopele
- 23 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Me lembro de uma viagem em família, em que eu implorava chorando para a minha mãe não passar um remédio amarelo nas minhas dobras, ele ardia tanto quanto álcool. Era uma das tentativas de melhorar…
Me lembro de passar horas no mar, brincar na areia e isso até hoje me deixa feliz.
Tenho memórias de dormir com bandagem no braço para não me coçar durante a noite e sentir mais coceira pelo calor no local. Foi mais uma tentativa…
No nosso banheiro tinham duas prateleiras, a de baixo era toda minha, tinham cremes manipulados para a pele e para o nariz.
Lembro de inúmeras vezes ter medo de entrar no chuveiro e de lá dentro chorar de dor…
Uma vez viajei com uma amiga e ela comentou que eu me coçava bastante mesmo de noite.
No ballet era muito doloroso quando a meia calça grudava em eczemas inflamados.
Por um longo tempo não usei peças de roupa branca, a probabilidade de manchar de sangue era certa.
Uma vez meu irmão dormiu comigo e tentou segurar os meus braços para eu não me coçar…
Muitas madrugadas eu não dormia e chorava de exaustão.
Varrer o quanto e bater os lençóis pela manhã me deixava impressionada com a quantidade de pele morta, isso até hoje me deixa perplexa com a capacidade de regeneração da pele.
A minha pele tem marca, tem história, tem mancha e cicatriz. Algumas eu lembro muito bem, outras nem tanto. Hoje eu consigo enxergar as veias dos meus braços, eu nem sabia qual era a cor natural da minha pele, tinha me esquecido dessa imagem.
Eu não sei qual a sua situação e as histórias que a sua pele carrega, mas acalme o seu coração, fale sobre o que dói, isso também te fortalece.
Você não é só pele.

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